terça-feira, 22 de janeiro de 2008

"Declare guerra a quem finge te amar!"

A miséria do que se chama de música popular brasileira é antiga. A juventude de hoje ou se deleita nos ícones do passado, como o bobão Chico Buarque (no meu meio, quem não diz que ama Chico é considerado um inculto), ou se apega aos artistas-cabeça do momento, como a gasguita Maria Rita.
A juventude dos anos 80 viveu um momento diferente, mas apenas sob um certo aspecto. Naquela época, estouraram nas paradas de sucesso as bandas de rock, como Legião Urbana, Titãs, Ira!, Paralamas do Sucesso, Plebe Rude etc. Muita porcaria foi produzida, é verdade. E junto com o "movimento", nasceu também uma geração metida a "cabeça".
O rock dos anos 90 e 2000 é ainda pior, com raras exceções, que não se encaixam muito bem, todavia, no rótulo "rock", como é o caso da Nação Zumbi. É que o fantasma do rock dos anos 80 permitiu que se criasse uma boa fama de quem fazia rock, simplesmente porque fazia rock. O rock era visto como o estilo de quem tinha consciência social (e aí, já viu, né? Cada letrinha... Aquele hit do Plebe Rude, "Até quando esperar", é tosco até o limite) ou como o estilo de quem contestava o "sistema". Essa imagem cai como uma luva pra quem? Para a juventude e para os "politizados" de miolo mole. Quem nunca foi, quando jovem, a um festival de rock em que a platéia se esmurrava e se chutava na pista, enquanto os músicos quebravam os instrumentos no palco? Eu mesmo fui algumas vezes.
Mas em meio a tanta porcaria, há algo que preste? Há, sim. Bandas como Titãs e artistas como Lobão, a despeito do fato de insistirem, às vezes, em se portarem como garotões, algo como um complexo de Peter Pan, têm bons trabalhos musicais, alguns excelentes. O grande problema é que esses bons artistas, muitas vezes, esquecem que são apenas isso: bons artistas, ou seja, bons naquilo que se propõem a fazer. Passam a achar que são deuses, e isso ocorre, não se pode mentir, também por causa do "endeusamento" deles por parte da mídia e do público. Veja o caso da banda Los Hermanos. São talentosos. Mas exageraram na "máscara". Após lançarem um CD de estréia legal, com uma música que até se tornou hit de carnaval, se irritaram com o mundo e com o "sistema". A partir daí, caíram de vez no gosto dos "cabeças" e passaram a "se achar" mais ainda.
Pois bem. Um dos grupos que, na minha opinião, tem um bom currículo e não caiu na armadilha de passar a "se achar" é o Barão Vermelho. É bem verdade que Cazuza chegou a um nível acima do "se achar", mas eu acho que o Barão não caiu nessa. São rockeiros que souberam crescer e entenderam que ficaram adultos. E mais: perceberam que isso traz mudanças, de comportamento e de estilo. Um garotão metido a culto, que enche a boca pra dizer que ama bossa nova e Chico, sem saber nem o que está falando, é tão ridículo quanto um coroa que insiste em não perder o espírito rebelde que habitava em seu corpo alguns anos atrás.
O Barão Vermelho mostra bem, na minha modesta opinião, que uma banda de rock pode continuar fazendo um bom som, e sem perder a atitude, sem precisar conservar os arroubos e as bobagens do período em que "jogavam no juvenil". Afinal, jogador que se preze, após certa idade, sobe pro time profissional, né?
A música acima é um som típico do Barão. Vamos ouvi-la?

Nenhum comentário: