domingo, 8 de fevereiro de 2009

Será?

A reportagem que o vídeo mostra é emocionante. Feita em 2007, quando a fábrica da Gurgel foi vendida, ela mostra um pouco da trajetória do gênio brasileiro que realizou o sonho de construir uma indústria automobilística nacional. Há depoimentos de parentes e informações sobre a saúde de Gurgel (infelizmente, ele passou os últimos anos incomunicável, em razão da sua doença, e nem soube o destino triste que teve sua fábrica).
No final, o âncora Carlos Nascimento diz: "ele fez um pedaço; um dia alguém fará o restante".
Será? Eu tenho minhas dúvidas. O surgimento de um gênio como Gurgel é coisa que só acontece uma vez na história.

Jornal Nacional de 31/01/09: notícia sobre o falecimento do gênio brasileiro GURGEL.

Realmente, ele não era apenas um sonhador. Era um gênio que pôs em prática muitas de suas invenções.
Vejam no vídeo o carro elétrico que podia ser carregado na tomada da sua casa. Vejam também o carro desmontável.
Incrível como esse gênio possa ser um desconhecido para grande parte da população.

"Fugi pelo desejo de ser livre!"

Acabei de assistir ao programa Esporte Espetacular, da rede Globo. Na última matéria do programa, uma surpresa. Contaram a história de Roberto Perez Ondarse, ex-atleta cubano, que fugiu do regime do ditador assassino Fidel Castro em 1963, durante as Olimpíadas Universitárias, a conhecida Universíade.
Perez Ondarse era jogador de basquete. Anos antes, em Cuba, conhecera Maria Lúcia Caldeira, conhecida como Marilu, atleta brasileira da equipe de vôlei. Com medo do regime comunista que se instalara na ilha, Ondarse combinou, por cartas, sua fuga. Sabendo que a Universíade ocorreria em Porto Alegre, deixou tudo armado para fugir durante a competição.
O problema é que no início da matéria a chamada foi assim: "fuga por amor". Parecia que o atleta tinha fugido da ilha de Fidel simplesmente porque havia se apaixonado po Marilu. Hummm... Será? No decorrer da reportagem todavia, a verdade aparece. Num determinado momento, emocionado, Ondarse afirma: "estava deixando a minha família e deixando o meu país PELO DESEJO DE SER LIVRE". Claro que sua história de amor com Marilu foi verdadeira, tanto que estão juntos até hoje, mas as palavras do ex-atleta deixam claro que a razão principal de sua fuga foi o desejo de não viver num país dominado por uma ditadura comunista, ditadura essa que perdura até hoje e já acumula milhares de mortes e violações aos direitos humanos.
Na mesma matéria, houve ainda tempo para Perez Ondarse destacar que ajudou Rafael Capote a fazer o mesmo que ele: Capote fugiu do regime castrista no Pan de 2007, no Rio de Janeiro. Ondarse lhe deu apoio, mesmo sem conhecê-lo, e disse que Capote, que hoje joga profissionalmente na Itália, o chama de padrinho em gratidão pela ajuda prestada.
Por fim, mais uma declaração surpreendente: Ondarse revelou que tentou ajudar os boxeadores cubanos Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux, chegando a ir à polícia federal e ao hotel onde eles supostamente estariam, segundo informações da própria polícia. Não conseguiu nenhum contato com os jovens atletas e afirmou, olhando para a câmera com cara de raiva: "mentira". Ele se referia a todas as informações que a polícia federal deu sobre o episódio na época. Afirmou ainda ter certeza de que os boxeadores não queriam voltar para Cuba.
Enfim, o que parecia ser uma matéria bobinha do Esporte Espetacular sobre dois atletas apaixonados acabou se mostrando um furo de reportagem sobre um dos eventos mais nebulosos do governo lulo-petista.
É claro que os boxeadores não queriam voltar para Cuba, tanto que um deles fugiu de novo e hoje é boxeador profissional.
O que fica da matéria é a seguinte mensagem: há 50 anos o regime do ditador assassino Fidel Castro retira a liberdade do seu povo, e o governo brasileiro, que se gaba da tradição nacional em concessão de asilo e refúgio a perseguidos políticos, compactuou com esse regime num episódio deprimente para a nossa diplomacia. A mando de Tarso Genro, a polícia federal caçou dois jovens que queriam apenas liberdade, tratou-os como bandidos e os devolveu a Cuba, mesmo sabendo que lá eles e suas famílias corriam sérios riscos de sofrer represálias.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

GURGEL, o Barão de Mauá do século XX.

A frase acima não é uma criação minha. Quem disse isso foi Lélis Caldeira, jornalista que escreveu a biografia do gênio brasileiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, esse senhor aí da foto.
Para quem não sabe, o Barão de Mauá foi o maior empreendedor da História do Brasil. Portanto, comparação deixa clara a importância que Gurgel teve para o nosso país.
Vejam o que o autor da biografia disse, em entrevista ao site Terra.
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Biógrafo compara Amaral Gurgel a Barão de Mauá
Vagner Magalhães (Direto de São Paulo)
Autor da biografia do empresário João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, que morreu nesta sexta-feira em São Paulo, o jornalista Lélis Caldeira, 31 anos, considera o industrial uma espécie de "Barão de Mauá" da indústria automobilística nacional. Caldeira diz que assim como Mauá empreendeu a construção da primeira ferrovia brasileira, Gurgel trabalhou pelo sonho de construir um carro nacional.
"O Gurgel era um cara genial, muito à frente do seu tempo. Uma espécie de professor Pardal", diz, se referindo ao inventor popularizado pelos quadrinhos dos estúdios Walt Disney.
Caldeira considera que os principais projetos de Gurgel acabaram vingando posteriormente, como os carros com 1.000 cilindradadas e o sucesso dos utilitários que surgiram a partir do Carajás, lançado em 1984.
"O Gurgel pode ser até questionado pelo ponto de vista administrativo, mas na engenharia ele era insuperável", diz.
Caldeira diz que após o envolvimento com o projeto do livro adquiriu um Gurgel BR-800 que ele mantém até hoje como veículo de uso diário.
"É um veículo que faz 20 km com um litro de gasolina e não quebra. Hoje, no mercado, pode ser comprado por cerca de R$ 3,5 mil. O custo benefício ainda é muito bom".
O escritor diz que se interessou pela história de Caldeira depois de ler uma matéria sobre o primeiro leilão da fábrica da Gurgel em São Carlos, no interior de São Paulo, em 1991.
A partir daí, passou a pesquisar em sebos, revistas de veículos que publicaram matérias sobre aempresa e se aproximou da família de Gurgel.
"Nas vezes que eu o encontrei, ele já estava doente, mas tinha picos de lucidez. Eu usei as conversas como base para as minhas pesquisas", diz. "Ele era uma pessoa muito bem-humorada".
Uma das histórias que Caldeira conta sobre Gurgel é a da sua formatura na Escola Politécnica de São Paulo, quando foi pedido a ele um projeto de um guindaste.
"No lugar do guindaste, ele apresentou um pequeno veículo. Mas como o pedido tinha sido um guindaste, ele teve de refazer o projeto. E ainda teve de ouvir de seu professor: 'carro não se faz, se compra' ".
A biografia "Gurgel, um sonho forjado em fibra", levou dois anos para ser escrita e foi lançada na Bienal do Livro de São Paulo, no ano passado, pela editora Labor.

Você não conhece a história do gênio GURGEL?

Para quem não conhece a história do engenheiro e empresário João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, um dos mais obstinados e geniais empreendedores que o Brasil conheceu, segue abaixo o que diz o wikipedia sobre ele.
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Biografia
Sonhando com o carro nacional
Desde sua juventude, sonhava em fazer um carro brasileiro, tanto que em sua formatura da Escola Politécnica de São Paulo, apresentou um pequeno veículo de dois cilindros, batizado Tião. Como projeto pedido foi um guindaste, quase é reprovado. Ouviu então de seu professor: "Carro não se fabrica, Gurgel, se compra ".
Pós-graduado nos EUA, trabalhou na Buick Motor Corporation e na General Motors Truck and Coach Corporation.
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O empresário
Em 1958, criou a Moplast Moldagem de Plásticos e começou a desenvolver projetos próprios, tornando-se fornecedor de luminosos para diversas empresas brasileiras.
Com o sonho em mente, fundou em 1969 na cidade de Rio Claro a Gurgel Motores S/A: a indústria mais brasileira de todos os tempos.
Sua carreira foi marcada pela busca do desenvolvimento de tecnologias automotivas nacionais, utilizando capital igualmente nacional. Característica marcante nos veículos fabricados por sua empresa eram as suas carrocerias de fibra de vidro.
A partir de 1972 passou a dedicar-se à produção de veículos especiais. Após 1975 começaram a ser produzidos os primeiros veículos utilitários tipo fora de estrada da marca Gurgel, marca que em 1981 lançou o primeiro veículo elétrico da América Latina, o Itaipu E-500. Idealizador do primeiro e até hoje, único carro genuinamente brasileiro: o BR-800.
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Polêmicas e o fim do sonho
Era contrário ao uso do álcool de cana-de-açúcar como combustível. Ainda assim, produziu alguns (poucos) carros com motor a álcool. Na grande maioria os veículos da sua marca eram movidos a gasolina. Segundo ele a terra deve produzir alimentos e não combustíveis.
Infelizmente, a Gurgel acabou fechando as portas no final de 1994, por questões financeiras e derrotada pelas grandes multinacionais.
Em abril de 2004, o empresário Paulo Emílio Freire Lemos adquiriu a marca Gurgel. O registro desta encontrava-se expirado no INPI desde 2003. Para tornar-se seu proprietário desembolsou o valor de R$ 850,00. A família Gurgel não foi consultada e por isso decidiu mover uma ação judicial contra o empresário.
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Morte
Sofrendo do mal de Alzheimer havia oito anos, João Gurgel morreu no dia 30 de janeiro de 2009, aos 82 anos, no Hospital São Luís, na Zona Sul de São Paulo.
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Bibliografia
CALDEIRA, Lelis. Gurgel: um sonho forjado em fibra. São Paulo: Editora Labortexto, 2004. ISBN 8587917161
CALDEIRA, Lelis. Gurgel: um brasileiro de fibra. São Paulo: Editora Alaúde, 2008. ISBN 8598497940

Morreu João Augusto Conrado do Amaral GURGEL, um gênio brasileiro injustiçado pelo nosso atraso!

No dia 31/01/2009, o engenheiro e empresário brasileiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel morreu vítima do mal da Alzheimer, aos 82 anos.
Não sei se todos concordam comigo, mas eu acho que o fato não foi noticiado com o devido destaque pela grande mídia. Digo isso porque, na minha modesta opinião, Gurgel foi um gênio brasileiro, um visionário, uma pessoa muito à frente do seu tempo.
Montou, ainda na década de 60, uma indústria automobilística genuinamente nacional e desenvolveu, dentre os modelos que produziu, um carro totalmente nacional, o BR-800.
No entanto, o nosso "capitalismo de Estado" - que adora patrocinar os "artchixtas", os "intelequituais", os "atreta" -, quando Gurgel mais precisou (e ele queria apenas um financiamento), virou-lhe as costas.
Sem conseguir competir com as grandes montadoras multinacionais, o sonho do gênio Gurgel acabou em 1994.
É assim que o Brasil trata seus gênios do empreendedorismo.
Eu acho que eu já disse isso aqui neste blog, quando comentei a morte da grande mulher que foi Ruth Cardoso, mas não custa repetir: pessoas como Gurgel morrem, e nós vamos ficando piores, vamos nos tornando cada vez mais burros.
A morte de Gurgel representa uma perda imensurável para o Brasil, mas parece que ninguém sequer percebeu. Meu Deus, como somos idiotas!