segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Continuação do post anterior...

Continuação do post anterior...

Sport Club do Recife: campeão brasileiro de 1987!!!

O título brasileiro do São Paulo, conquistado há algumas semanas, trouxe de volta um dos debates mais polêmicos do futebol brasileiro: o do campeonato brasileiro de 1987.
Afinal, quem é o legítimo campeão brasileiro de 1987? Flamengo ou Sport? CLARO QUE É O SPORT!!! A tese de que o Flamengo ganhou a "série A" e de que o Sport ganhou a "série B" é fajuta. Só cai nela um desavisado que não se lembra como tudo aconteceu. Basta lembrar que o Guarani foi vice-campeão da série A em 1986. Ora, como um time que foi vice-campeão no ano anterior jogaria a série B no ano seguinte? O vice-campeão foi rebaixado??? É piada, né?
Como não tenho mais paciência para explicar o que ocorreu, vou postar os vídeos do programa "Terceiro Tempo" de ontem, em que Homero Lacerda foi convidado a explicar o caso, defendendo a conquista do Leão da Ilha.

sábado, 3 de novembro de 2007

E não é que o livro tá vendendo bem!?

O meu livro está vendendo muito bem, pessoal. E vocês nem imaginam como eu fico feliz com isso. Feliz e me achando, né? KKKKKKKKKKKKKKKKKKK... Já estou preparando a segunda edição, que, além de não conter os diversos errinhos de digitação que a primeira tem, trará novos assuntos.
Aguardem!

Acerbo!

Pouca gente sabe, mas eu tive uma banda. É verdade! Tenho como provar. Como? Ora, fotos do primeiro show e um CD demo, que vez ou outra eu escuto no meu carro.
A proposta da banda era tocar "punk rock". Eu nunca entendi muito de música, mas sempre gostei de rock'n roll. Eu simplesmente gostava. Eu simplesmente gosto. Até hoje. No meu carro, por exemplo, não há um CD sequer de pagode, forró, axé, MPB ou coisa parecida. É só rock'n roll. No máximo, você vai achar também um CD de uma banda pop, sei lá. Sei lá o que é pop... Como eu já adiantei, não entendo de música.
Mas na banda havia um cara que saca muito de música, e ele dizia que o nosso som era punk rock. Então, se ele dizia isso, era isso mesmo.
No início, a banda era praticamente um "Ramones Cover", não apenas pelo fato de todos gostarem dos Ramones, mas também porque as músicas deles são fáceis de tocar. HAHAHAHAHAHA!!!
Foram bons momentos, viu? Os ensaios, as brigas, as festinhas, os "shows"... KKKKKKKKKKK...
Uma das músicas mais legais do set list era essa aí, Pet Sematary, dos Ramones, a maior banda de todos os tempos!!!

Momento da nostalgia...

Mais um feriadão, mais um final de semana prolongado... E mais uma vez a programação é... Casa, DVD's, internet, livros, revistas, etc.
Vou assistir ao filme Tropa de Elite novamente, alugar umas comédias legais com Ben Stiller ou Adam Sandler, ler a Veja, começar a ler um novo livro, navegar bem muito na internet, comer porcaria...
Madrugada de sexta para sábado. Até já tentei dormir, mas não consegui. Então vim navegar na internet. Entrei no youtube e fui procurar vídeos legais. O que eu achei, logo de cara? O vídeo da abertura da minha série favorita durante a minha adolescência: ANOS INCRÍVEIS (Wonder Years).
Essa série mudou minha vida. Foi o primeiro programa de TV que eu acompanhei de verdade, daqueles que a gente espera todo dia pra ver o episódio seguinte grudado na frente do televisor.
A série acompanha o crescimento de Kevin Arnold durante um dos períodos mais importantes da vida política e cultural dos EUA. Os eopisódios tinham vida própria, e cada um deles abordava um tema diferente, sempre tendo em Kevin o personagem principal. A narração era dele mesmo, quando adulto. A amizade de Kevin com Paul Pfeifer, seu melhor amigo; o relacionamento de Kevin com Winnie Cooper, sua primeira namorada; os problemas de Kevin com Wayne, seu irmão; as brigas de seus pais, Norma e Jack; tudo isso era tratado no seriado.
Anos Incríveis realmente era um seriado muito massa! Que saudade!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

O mundo com certeza ficou melhor sem Dogville!

Acabo de assistir a um excelente filme: DOGVILLE. Realmente muito bom. Surpreendente, diferente, intrigante, reflexivo, inovador...
A pequena cidade de Dogville é na verdade a personagem principal do filme (lembra quando a sua professora de literatura falou da obra "O Cortiço", de Aluízio Azevedo? Isso mesmo...).
A primeira surpresa do filme é estética: nada de grandes locações, efeitos visuais, fotografia de primeira etc. Tudo se passa num cenário artificial, mas nada de pensar numa grande e sofisticada cidade cenográfica. É como se fosse um palco de teatro, e ainda assim bem rústico. As casas não têm portas, não têm tetos. Certas coisas são identificadas apenas pelo nome escrito no chão, como o cachorro. É um detalhe bem interessante do filme.
A filmagem também é intrigante. A câmera é bem usada, os ângulos são diferentes. Com o tempo, você se acostuma com aquela cidade de mentira e com o seu cotidiano.
A narrativa também é inovadora. Um narrador oculto explica os acontecimentos, além de interpretar muitas vezes as atitudes dos personagens.
A vida de Dogville muda quando chega à cidade, na calada da noite, uma linda jovem, perseguida por gângsteres e pela polícia local.
A cidade de Dogville e seus pacatos moradores a recebem bem, apesar da suspeita de ela ser uma pessoa perigosa. Dogville era o mocinho, e Grace, a linda jovem, até então era uma suposta bandida.
Os moradores de Dogville, e a própria cidade, vão se mostrando cada vez mais bonzinhos com a bela Grace.
Mas a história começa a mudar com o passar do tempo. Grace, por mais que se mostre uma pessoa correta, honesta, confiável, vai sendo maltratada pela "cidade" e pelos seus moradores.
É feita de escrava, estuprada (várias vezes), acorrentada e presa. E mais: é delatada por aquele que desde o início dizia amá-la, prometendo ajudá-la.
De início, o filme parece sugerir que a maldade das pessoas é normal, ou melhor, circunstancial. Parece que todos aqueles que estivessem na mesma situação agiriam de tal modo. Trata-se, é óbvio, de uma idéia falsa. A miséria da cidade e dos seus cidadãos não "exige" que eles sejam moralmente fracos. Essa idéia é tão equivocada quanto aquela que aponta miséria e violência numa relação de causa e conseqüência.
Mas o filme se redime no final. A maldade não pode ser encarada como algo acidental, circunstancial.
Vou ter que adiantar, de certa forma, o final do filme, e dizer-lhes o seguinte: o mundo, com certeza, ficou melhor sem Dogville!!! Artisticamente, a cidade e seus habitantes não mereciam outro final.

domingo, 14 de outubro de 2007

Ei! E se você estivesse no lugar de Stuart Sheppard? O que você faria?

Você suportaria ter que expor todos os seus defeitos? Você suportaria ter que expor todas as suas mentiras? Você suportaria ter que admitir, para quem você ama, que a trai? Não? Então você vai levar um tiro de rifle no meio da testa!!!
Esse é o mote do filme "POR UM FIO", que tem em Colin Farell o protagonista, numa atuação soberba.
Stuart Sheppard, ou simplesmente Stu, é um jovem agente de supostas celebridades que vive num mundo de mentiras. O seu mundo de mentiras. Ou melhor: o mundo de suas mentiras.
Stu tem uma linda esposa, que o ama (e ele também a ama, é verdade), mas sonha em transar com Pam. Stu também tem um "estagiário" que o admira muito. Na verdade, admira o "falso" Stu, que lhe promete sucesso e finge estar lhe ensinando a ser bem sucedido no futuro. Stu usa roupas caras, tem um relógio fino e muita pose. Muita mesmo.
Mas o que Stu não esperava é que alguém, um maluco qualquer, interessou-se pela sua história. Um psicopata, destes que só existem em filmes (será?), inventou de procurar pessoas ruins pelas ruas e forçá-las a se redimirem, confessando suas culpas e implorando perdão. Antes de Stu, algumas pessoas foram "encontradas" pelo louco curador dos pecados. O fim deles? A morte!
Stu está numa cabine telefônica, a mesma que ele sempre usa, quando recebe uma inusitada ligação. Começa, então, a sua via crúcis.
O filme é instigante do começo ao fim. O cenário básico é a cabine telefônica (pense numa agonia!!!). Lá, Stu sua, fuma, chora, grita, briga com prostitutas, "mata" um homem, leva um tiro na orelha... e desabafa! Conta tudo! Expõe, para as câmeras de TV que o filmam, para sua esposa - que não entende nada - e para Pam todas as suas mentiras, todos os seus defeitos, tudo.
Mas Stu sabia que os seus antecessores morreram, e que esse provavelmente seria o seu destino. Então, por que ele confessou? Por que ele fez o que o psicopata que lhe apontava um rifle com mira laser mandou? Para tentar sobreviver? Não. Mas por que, então? Bem, confira o trailler acima, veja o filme e tire suas próprias conclusões.
Após o filme, olhe-se no espelho e responda, com sinceridade: E SE VOCÊ ESTIVESSE NO LUGAR DE STU? O QUE VOCÊ FARIA?

sábado, 13 de outubro de 2007

Uma ótima metáfora.

O que dizer de um filme que reúne a dupla Matt Damon e Edward Norton como protagonistas e a dupla John Malkovich e John Turturro como coadjuvantes?
Mas o filme ROUNDERS (Cartas na mesa) não é excelente apenas por isso. Claro que gostar muito de um filme é algo muito pessoal, às vezes. Eu achei esse filme espetacular. A relação dos personagens de Matt Damon e Edward Norton é usada como metáfora para o tratamento de várias questões. A atuação dos atores, sem exceção, foi impecável.
Uma passagem do filme é marcante (não lembro se é exatamente assim, mas a idéia é essa): "se você está numa mesa há algumas horas, e não descobriu ainda quem é o 'pato', o 'pato' é você".
É assim também na vida, meu irmão. Se liga na metáfora!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Uma música, um norte moral: "make your own kind of music".


Eu sou um LOSTmaníaco.
Sempre que eu falo em LOST, lembro-me de uma música, que abre o primeiro episódio da 2ª temporada. Trata-se de "make your own kind os music", do grupo The Mamas and the Papas, o mesmo do hit "California Dreamin".
Pois é, amigos. Desde que ouvi essa música, me encantei pela sua melodia e pela sua letra. Essas coisas a gente não explica, né? Algum tempo depois, um amigo meu estava com essa música no seu celular, e eu, obviamente, passei-a para o meu também. Desde então ela é o toque personalizado de um dos meus grupos de chamada, o dos "amigos".
Consegui no youtube um videoclipe bem legal da música, com cenas da série LOST. Veja o clipe, apaixone-se pela melodia e siga a mensagem da canção como um norte moral: faça seu próprio tipo de música, mesmo que ninguém cante junto. Captou?

terça-feira, 18 de setembro de 2007

A privatização da Vale do Rio Doce (2).

Mais um artigo, também publicado na Folha, sobre a privatização da Vale do Rio Doce. Dessa vez foi Eduardo Graeff que mostrou o quanto são falsas as balelas que os esquerdopatas falam sobre o assunto. O título do artigo não podia ser mais direto. Vejam:

LULA E SEUS MILITANTES AMESTRADOS
O plebiscito sobre a privatização da Companhia Vale do Rio Doce não foi para valer, Lula esclareceu na coletiva de rádio dias depois de o PT anunciar sua adesão à iniciativa do MST e outros. A rigor, o “não tenho nada com isso” dele também não é para valer.
Às vésperas do plebiscito, enquanto o presidente da República negava que a reestatização da Vale estivesse ou pudesse vir a estar na agenda de seu governo, militantes de camiseta vermelha recolhiam assinaturas para o plebiscito comodamente instalados na portaria do Ministério do Planejamento ao som do hino da Internacional Comunista. O que vale mais: a palavra do presidente ou as centenas de milhões de reais com que ele irriga o MST, a CUT, a UNE etc.?
Uma coisa pela outra, eu diria. Falsa como uma nota de três reais é a razão formal que ele alegou para se dissociar da onda reestatizante: houve um “ato jurídico” que o governo deve respeitar. Se tivesse sombra de dúvida que o ato foi fraudulento, como gritam os “excluídos” chapa-branca, teria por obrigação mandar apurar e desfazer o malfeito.
Não fará nada, como não fez até hoje, porque não quer assustar o mercado nem ter que passar um atestado de idoneidade ao processo de privatização. Bom mesmo é deixar suspeitas no ar e faturar eleitoralmente, como fez com o boato de privatização do Banco do Brasil em 2006.
Melhor ainda juntar o proveito político do reflexo condicionado antiprivatização com o proveito econômico da Vale privatizada. Recorde de investimento: US$ 44,6 bilhões nos últimos seis anos contra US$ 24 bilhões nos 54 anos anteriores. Recorde de produção: 300 milhões de toneladas de minério neste ano contra média anual de 35 milhões da Vale estatal. Recorde de emprego: 56 mil empregos diretos hoje contra 11 mil há dez anos. Recorde de exportações: quase US$ 10 bilhões em 2006 contra US$ 3 bilhões em 1997, garantindo mais de um quarto do saldo da balança comercial “deste país”.
A Vale não é exceção. Da Embraer à telefonia, passando pela siderurgia e petroquímica, o desempenho de quase todas as empresas privatizadas é uma história de sucesso em benefício de seus compradores e empregados e do país.
A isso o estatista contrapõe números que são, eles sim, fraude grosseira: a comparação dos US$ 3 bilhões pelos quais a União vendeu 42% de suas ações ordinárias da Vale em 1997 com os US$ 50 bilhões que a Vale inteira valeria hoje, depois de toda a expansão possibilitada pela privatização.
E quem foram os beneficiários desse “ato de lesa-pátria”? A quem pertence a Vale privatizada? Aos funcionários e aposentados do Banco do Brasil, principalmente, por intermédio de seu fundo de pensão. Com o BNDES, eles detêm dois terços do capital da Vale. O restante se distribui entre o Bradesco, a “trading” japonesa Mitsui e mais de 500 mil brasileiros que aplicaram parte do FGTS em ações da companhia.
O padrão de gestão da Vale é privado. A propriedade, como se vê, nem tanto. Depois de privatizada, a empresa recolheu aos cofres da União, em impostos e dividendos, algumas vezes mais do que fez ao longo de toda a sua existência como estatal.
Os obreiros do plebiscito e até, forçando a barra, os padres que ecoam essa gritaria inconseqüente dentro das igrejas podem pretextar ignorância. Lula e os dirigentes do PT, não. Esses usam deliberadamente o fantasma da privatização como uma distração para a sua militância -um osso de mentira que se dá a um cachorrinho para ele não roer a mobília.
Um placebo ideológico aqui, uma verbinha acolá, empregos a rodo, barriga cheia, lá vai a militância petista fazer seu número. Pula! Late! E Lula pisca o olho para as visitas: “É brincadeira, gente! Senta que o Lulu é manso”.
Os empresários sorriem de volta, fingem que acreditam, mas pensam dez vezes antes de botar a mão no bolso. Para eles, pior do que a encenação dos militantes é a falta de vontade e/ ou capacidade do governo de estabelecer regras claras e um ambiente político confiável para os investimentos privados em infra-estrutura.
A conta das ambigüidades virá aí por 2010, prevêem os especialistas, quando o fantasma do racionamento de energia elétrica deve voltar a rondar, dessa vez não por falta de chuva, mas de investimento. Ou quem sabe em 2011. Já pensaram na ironia? Um novo governo às voltas com o apagão, a militância petista a todo vapor de volta à oposição e Lula na Guarapiranga, pescando suas tilápias…
Artigo do Eduardo Graeff (cientista político) para a Folha de São Paulo


P.S.: insisto que as privatizações, embora tenham sido boas para a economia brasileira, não foram feitas da forma correta. Privatizamos alguns setores, mas não os desestatizamos, porque foram criadas as famigeradas agências reguladoras. Leiam esses textos e entendam por que é preciso desestatizar a economia brasiliera: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=637 e http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=646.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

A privatização da Vale do Rio Doce (1).

Há mais ou menos um mês, começaram as defesas dos trabalhos de conclusão de curso (TCC's, as famosas monografias) na faculdade onde leciono. Logo no primeiro dia em que participei de algumas bancas examinadoras, deparei com um trabalho interessante: "Federalismo brasileiro e privatização das empresas estatais: fechando os ralos da República". Antes de ler, a dúvida: seria um panfleto esquerdopata contra as privatizações? Para minha alegria, não! O aluno destacou os aspectos positivos das privatizações e defendeu a importãncia da atuação do BNDES nesse processo. Em sua defesa oral, defendeu seus pontos de vista com propriedade, mostrando mais uma vez que a atual oposição a Lula não devia ter fugido ao debate acerca das privatizações na última campanha.
Dias depois da defesa, abro a Folha de São Paulo e deparo com um artigo de Adílson de Abreu Dallari, no qual ele explica, de forma sucinta, o quanto é fajuta a tese de que a privatização da Vale foi ruim para o país. Segue o texto, que encontrei facilmente no Google.

Em artigo publicado neste espaço no último domingo ("Um atentado contra o patrimônio nacional", dia 2/9), o prof. Fábio Konder Comparato defendeu a anulação da venda do controle da Companhia Vale do Rio Doce sob fundamento de que: a) isso teria violado o art. 157 do Código Civil de 2002 (que autoriza a anulação do contrato quando uma parte tira proveito da inexperiência da outra); b) não era de interesse público; e c) fundou-se em justificativas falsas.
Tais argumentos são inservíveis para embasar um pleito judicial. Preliminarmente, cabe esclarecer que, com a restauração da democracia, ficou totalmente superado o modelo estatizante da ditadura, pois o Estado tinha exaurido sua capacidade de investimento, e a conotação social da Constituição Federal de 1988 exigia uma redefinição das funções públicas, passando o governo a dar maior ênfase à formulação de políticas públicas, a serem implantadas com o concurso de particulares, sob controle governamental.
Convém também esclarecer que a venda da Vale nada tem contra o patrimônio nacional, pois as riquezas minerais exploradas por essa empresa pertencem à União (art. 20, IX, da CF); nunca foram nem podem ser alienadas.
A Vale é apenas concessionária e, se houver efetivo e comprovado interesse público nisso, a União poderá rescindir a concessão sem ter que anular aquele leilão. O problema é que a qualificação de algo como sendo de interesse público depende de lei, e não do entendimento de qualquer autoridade, partido político ou pessoa. No caso, as leis 8.031/90 e 9.491/97, que delinearam o Programa Nacional de Desestatização, consignam entre suas finalidades viabilizar a retomada de investimentos nas empresas transferidas à iniciativa privada, para permitir que o Estado concentre sua atenção onde sua atuação direta for indispensável.
Ao alienar o controle da Vale (em 1997, antes do CC de 2002), a União não foi enganada, mas, sim, se amoldou ao disposto no art. 173 da CF (que reserva a exploração de atividade econômica aos particulares) e cumpriu o que a lei expressamente determinava. Essa alienação foi feita em leilão público, pela maior oferta, pelo maior preço que, na ocasião, foi possível conseguir.
Não faz sentido alegar que os arrematantes se prevaleceram da inexperiência do governo federal, do Tribunal de Contas, do Ministério Público e do Poder Judiciário. Se hoje ela vale muito mais, isso se deve a uma conjugação de fatores: fim do sangramento atendido com aportes do Tesouro; ausência de favorecimentos, mordomias e empreguismo; efetiva realização de investimentos em larga escala; eficiência na gestão empresarial; solução de conflitos ambientais e sociais; e aumento considerável no volume e no valor das exportações.
Nada disso teria sido possível sem a privatização. Ainda que parte dos investimentos tenha sido financiada pelo BNDES, isso apenas significa que foram poupados recursos do Tesouro, que puderam ser aplicados na área social. O BNDES é um banco e, como tal, empresta dinheiro para quem ofereça garantias de solvência. A anulação do contrato não quitaria essa dívida e obrigaria a União (cf. art. 59, parágrafo único da lei 8.666/93) a indenizar os arrematantes pelos outros investimentos efetuados.
Tal panorama comprova não terem sido falsas as justificativas da alienação. A Vale privatizada deixou de agravar o endividamento público e, ao contrário, contribuiu significativamente (ao lado do agronegócio e do aço) para o incremento da balança de pagamentos, possibilitando que o país tenha hoje uma confortável reserva em dólares.
Tão seguro está o atual governo quanto ao sucesso do programa de privatizações que, depois de obter a aprovação da lei de parcerias público-privadas, no presente momento, ultima providências para a realização de licitações referentes às concessões de duas usinas hidroelétricas, das redes de transmissão, de quase 3.000 km de rodovias, da ferrovia Norte-Sul, de novas áreas de prospecção de petróleo etc.
Pelo menos, é possível afirmar que a Vale privatizada não contribuiu para engrossar o imenso caudal de mensaleiros, traidores e aloprados. Pelo porte da Vale e por sua atuação em escala internacional, não tivesse sido ela privatizada, provavelmente seriam 80 os réus da ação em curso no Supremo Tribunal Federal.
Em conclusão, pode-se dizer, com segurança, à luz dos fatos supervenientes, que a privatização da Vale, além de ter sido juridicamente perfeita, foi uma decisão tomada e executada em defesa do patrimônio, moral e econômico, nacional.
ADILSON ABREU DALLARI, 65, professor titular aposentado da Faculdade de Direito da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), é consultor jurídico em questões de direito público e membro do Conselho Jurídico da Fiesp. É autor, entre outras obras, de "O Financiamento de Obras e de Serviços Públicos".


P.S.: infelizmente, o Brasil privatizou alguns setores da economia, nos poupando da usual ineficiência e corrupção dos burocratas, mas não DESESTATIZOU esses setores. As estatais foram substituídas pelas famigeradas agências reguladoras. A respeito do assunto, recomendo esses textos: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=637 e http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=646.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O livro chegou

Já faz alguns dias que o livro "Curso de Direito Empresarial" está à venda no site da editora (http://www.editorajuspidivm.com.br/). Isso, por si só, já trazia um sentimento difícil de descrever. Mas agora é ainda mais difícil. Desde sexta-feira passada (06/09), o livro já está em minhas mãos, e eu não paro de olhá-lo, de lê-lo... É uma sensação realmente muito boa a de lançar um livro. Lançar logo dois livros em menos de dois meses é, então, incrível.
Boa leitura àqueles que os adquirirem.