quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Fuga de Sobibor ("Escape from Sobibor").

Se a minissérie "Raízes", que eu mencionei no post abaixo, marcou minha infância e me fez começar a gostar de estudar história, com certeza a série "Fuga de Sobibor", que assisti na Globo há bastante tempo, me fez começar a gostar de estudar política e a consolidar em minha cabeça as idéias do liberalismo e do individualismo.
"Fuga de Sobibor" é uma série que retrata a única fuga bem sucedida de judeus de um campo de concentração nazista, localizado em Sobibor, na Suíça.
Os judeus (e também prisioneiros soviéticos) chegavam em trens e desembarcavam para a morte. Alguns poucos que sabiam algum ofício eram usados como escravos, enquanto os outros - sobretudo mulheres e crianças - eram mortos em um enorme galpão com gás jogado por um motor a diesel. Os judeus iam para a morte achando que iam tomar banho: o galpão era chamado de chuveiro pelos guardas da SS nazista. Até que um dia um dos judeus presenciou a morte de seus amigos no tal "chuveiro", contou para os demais que estavam escravizados com ele o que viu e a fuga foi planejada. Dos 600 judeus que tentaram fugir, 300 conseguiram. No entanto, dias após quase todos foram recapturados e mortos. Apenas uns 50 conseguiram sobreviver.
Eu era bastante jovem. As cenas eram chocantes. Anos depois Steven Spielberg ganhou o Oscar com o filme "A lista de Schindler", retratando na telona com muita competência o holocausto. Pois eu já conhecia toda aquela crueldade desde os dias em que assisti, atentamente, aos episódios de "Fuga de Sobibor".
De fato, "eu preciso conhecer a natureza do mal se pretendo combater o mal", como bem disse Reinaldo Azevedo num excelente texto publicado no site Primeira Leitura, que tenho guardado até hoje.
As séries "Raízes" e "Fuga de Sobibor" me fizeram, ainda jovem, conhecer um pouco a natureza do mal. Essas séries, portanto, contribuíram - e muito! - para a formação dos meus valores morais, que guardo em mim até hoje.
Conhecendo um pouco a natureza do mal, exposta com muita clareza nessas duas fantásticas séries, eu pude perceber que não há um regime perfeito - porque o homem não é perfeito -, mas também pude formar a convicção íntima de que jamais aceitarei um regime que ignore a liberdade e os direitos individuais.
Claro que eu e o mundo podíamos ter aprendido isso sem que a história precisasse registrar tragédias humanas como a escravidão e o holocausto.
Mas o mundo é assim mesmo, humano como nós. Sempre imperfeito, muitas vezes injusto... Tomara que, pelo menos, esteja aprendendo com os erros do passado e buscando se tornar melhor a cada dia.
O vídeo acima é o fim da série. Se seu inglês estiver bom, você vai entender um pouco o que aconteceu com os poucos judeus que conseguiram escapar com vida. Um deles, aliás, veio para o Brasil, onde se casou se teve filhos.
Assista! Conheça um pouco a banalidade do mal.

Nenhum comentário: