segunda-feira, 27 de abril de 2009

"Arte para toda parte", e dinheiro para todo lado.

Quantas vezes eu já falei aqui da relação promíscua entre a classe artística brasileira e o poder público? Algumas, não é verdade? Pois é, hoje sou obrigado a voltar ao tema.
Todos os que me lêem - ou seja, ninguém, hehehe - sabem o que penso sobre essas leis de incentivo à cultura. Quer ser artista, meu amigo? Quer fazer como Lulu Santos diz naquela música, "vender sonhos, ilusões e romances"? Então seja bom o suficiente para lotar a arquibancada do teatro, da sala do cinema ou da pista do show. Não consegue? Ora, então vá trabalhar em outro ramo! Não venha pedir que o Estado financie sua incompetência.
Hoje de manhã eu deparei com um artigo na Folha de São Paulo assinado pelos artistas Beth Carvalho, Lula Queiroga e Ivaldo Bertazzo. Assim que li o título - "Arte para toda parte" - percebi que estavam querendo meter a mão no nosso bolso. Leiam:
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As artes são o oxigênio da cultura de um país. No caso do Brasil, refletem a grande diversidade de nosso povo. Refletem as vivências no campo, nas metrópoles, nos periferias, na floresta, na caatinga, no cerrado e no pantanal. São também um de nossos principais produtos de exportação e, com o futebol, o que nos identifica em todo o mundo como um povo original e único.
Um patrimônio dessa qualidade precisa de um incentivo econômico à altura de sua importância. Precisa também estar na ordem do dia do debate público nacional e das definições estratégicas de nosso país. E deve ser visto como um elemento vital para nosso desenvolvimento como nação num mundo em que a produção simbólica e de conteúdo ganha importância econômica. Principalmente em um momento de crise financeira como o que vivemos agora -em que a produção cultural pode ser um dos elementos para alavancar o crescimento do país.
Uma política de Estado para as artes deve levar em conta tudo isso e, mais, garantir a valorização dos nossos artistas consagrados ao mesmo tempo em que amplia as oportunidades para quem está começando. Nas periferias, nos centros urbanos e também no interior, em todos os cantos do Brasil surgem a cada dia novos talentos. E que, muitas vezes, não têm acesso aos recursos públicos de incentivo à cultura. Para dar oportunidade a todos esses artistas, chegou a hora de atualizar a Lei Rouanet. Precisamos de um instrumento legal que permita novas formas de fomento para a cultura, especialmente para as artes, que permitam uma gama maior de recursos para o setor.
A renúncia fiscal é um mecanismo importante, mas nitidamente insuficiente para dar conta da quantidade e diversidade de demandas culturais de nossos músicos, produtores, artesãos, dançarinos, atores, diretores, artistas circenses e de tantas formas de expressão de nossa diversidade de sermos brasileiros.
Em todo o país, o enorme volume de projetos aprovados no Ministério da Cultura e que não conseguem captar recursos é uma prova viva dessa insuficiência. É necessário, portanto, oferecer novas oportunidades de financiamento para todos os tipos de artista.
A proposta do governo federal para a reformulação da Lei Rouanet está aberta para consulta pública, numa grande e inédita convocação ao debate democrático.
O acesso aos recursos públicos precisa ser qualificado a partir de critérios de avaliação transparentes, específicos para cada setor e região de atividade cultural. Discutir esses critérios à luz do dia, como estão propondo o ministro Juca Ferreira e sua equipe em todas as suas aparições públicas, é um expediente democrático da maior importância para a saúde da República. E nós, artistas, estamos e continuaremos participando disso.
Outro avanço é a criação do Fundo Setorial das Artes, que deve fortalecer o financiamento de projetos de diferentes áreas, como música, dança, artes visuais, teatro e circo.
Assim como vem sendo feito pelo Fundo Setorial do Audiovisual. Mas esperamos que os projetos sejam avaliados por nós próprios, artistas, produtores e especialistas com vivência específica de cada linguagem artística.
Consideramos necessário, também, fortalecer o orçamento público da cultura no Brasil. Oxalá o Congresso Nacional seja sensível a essa necessidade e aprove a proposta de emenda constitucional 150, que exige dos governos federal, estaduais e municipais um mínimo de investimento em cultura.
A cultura sempre fez parte do dia a dia de todo cidadão brasileiro e vem ganhando cada vez mais peso na economia do país. Chegou finalmente a hora de colocá-la no centro do debate político e da discussão sobre qual país queremos construir. E essa conquista é uma missão de todos nós: artistas, público, produtores, trabalhadores da cultura, governo e patrocinadores.
A discussão da nova lei de fomento à cultura é a consagração desse esforço. Esperamos que a sua aprovação pelo Congresso Nacional também o seja.
BETH CARVALHO , 62, é cantora.
IVALDO BERTAZZO , 58, é coreógrafo e diretor.
LULA QUEIROGA , 48, é compositor e cantor.
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Estão vendo? Renúncia fiscal, para eles, é pouco. A lei atual, para eles, não é suficiente. Os parasitas do Estado querem mais. Além de agüentar os péssimos "artistas" brasileiros, em todas as áreas da "cultura" nacional, ainda temos que pagar pra eles.
Ora, se é pra pagar, eu prefiro pagar pra eles ficarem em casa!

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